Medidas são bem vistas por médicos brasileiros

Matéria publicada no jornal O Globo sobre as novas regras de reprodução assistida, com informações e colaboração da Dra. Sandra Franco.

Especialistas em reprodução assistida concluem que há um avanço na nova resolução ao respaldar uma prática já em curso nos consultórios, no caso da permissão do uso da tecnologia para casais homossexuais e solteiros. Enquanto na resolução de 2010 não definia o tema, agora há uma postura mais afirmativa, mas com a ressalva de que médicos podem recusar o tratamento se acharem que estariam agindo contra sua consciência ou princípios religiosos.

Para Isaac Yadid, ginecologista especializado em reprodução humana, apesar da resolução, a legislação não vai deixar as coisas mais fáceis para casais de homens pois, além de dependerem de óvulo doado anonimamente, precisam de parentes, até o grau de primo, para gerarem o bebê:

— Nos casais mulheres é um pouco mais fácil, pois elas já têm o útero disponível e o óvulo. Mas concordo que não se deve ser tão flexível como em países onde se pode pagar para ter um útero de aluguel.

O ginecologista destaca que o limite de 50 anos para o tratamento de reprodução assistida em mulheres foi bem escolhido, pois os riscos de hipertensão, diabetes e de parto prematuro são altos em mulheres a partir desta idade.

— Há uma geração de mulheres que não pôde se beneficiar dos avanços da medicina e agora ficarão limitadas pela nova norma, mas acho que 50 anos é um bom limite para decidir sobre se quer ter filhos.

Mesmo nível da Europa

Marcello Valle, médico especialista em reprodução humana do hospital universitário da UFRJ, conta que são raras as mulheres acima dos 50 que procuram clínicas de reprodução assistida. O novo limite de idade, explica Valle, não causará portanto grande impacto na rotina médica. Em debates durante congressos médicos, chegou a se discutir se a idade limite ideal seria aos 55 anos, mas ele concorda com a prudência adotada pelo CFM.

— Há riscos que aumentam com o decorrer da idade que são difíceis de se calcular antes de a mulher engravidar. O Brasil está avançado em suas regras para reprodução assistida, no nível do que ocorre em alguns países europeus — avalia o especialista.

Consultora em direito médico e presidente da Comissão de Direito da Saúde da OAB de São José dos Campos, em São Paulo, Sandra Franco destaca como positivo o trecho da resolução que permite a reprodução assistida de casais homoafetivos e a solteiros. Mas ressalva que a nova resolução pode causar disputas nos tribunais quando estabelece o prazo mínimo de cinco anos para o descarte de embriões congelados.

Uma brecha na redação da Lei de Biossegurança não prevê o que fazer com os embriões saudáveis congelados depois da data da promulgação.

Segue o link da matéria no jornal O Globo: http://oglobo.globo.com/ciencia/medidas-sao-bem-vistas-por-medicos-brasileiros-8336683#ixzz2Su8zqixs

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