Santas Casas do Vale buscam ajuda para não fechar as portas

Mais antigos hospitais da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, com até 150 anos, as Santas Casas não sabem como chegarão ao próximo aniversário. Endividadas, as instituições buscam parcerias com prefeituras e a sociedade para garantir a sobrevivência, em razão de serem indispensáveis para o atendimento à saúde na região.

A população em 16 cidades em que há Santas Casas na RMVale chega a 1,7 milhão de pessoas, o que representa 77% dos habitantes de toda a região.

“Em várias cidades do Vale do Paraíba, a Santa Casa é o único hospital. Não tem como fechar”, disse Meire Ghilarducci, coordenadora regional da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo).

Para o presidente do órgão, Edson Rogatti, os hospitais enfrentam a “maior crise financeira da história”, com uma dívida acumulada que chegou, em 2013, a R$ 15 bilhões, o que representa quase 20% do orçamento do Ministério da Saúde.

“Para fechar as contas, as instituições têm recorrido a empréstimos bancários, pois esta é única alternativa restante antes do colapso.”

Risco de fechar

Na região, Santas Casas como a de Cruzeiro e a de Jacareí, que passam por intervenção municipal há mais de 10 anos, ameaçam fechar as portas caso os problemas financeiros não sejam equacionados.

“Não dá para sobreviver da maneira que estamos. As dívidas se acumulam e o dinheiro do governo não chega em tempo hábil”, disse Ede Carlos dos Santos, superintendente da Santa Casa de Cruzeiro, que poderá cancelar os atendimentos já a partir de amanhã.

O principal vilão apontado pelas Santas Casas é o governo federal, especificamente a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde), que paga R$ 10 por uma consulta com especialista, quando o valor é, no mínimo, R$ 29.

S. José aposta na ampliação dos serviços

A Santa Casa de São José aguarda a habilitação do Ministério da Saúde para atender casos de alta complexidade em três áreas: cardiologia, ortopedia e neurologia.

A instituição conseguiu aprovação dos atendimentos junto à Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela gestão do hospital, que completa 115 anos em 2014.

Para a direção, os novos tratamentos serão uma forma de ampliar os recursos que a Santa Casa recebe mensalmente dos governos federal e estadual, reforçando o equilíbrio das contas da filantrópica.

“Nosso dia a dia está equilibrado. O problema é a dívida do passado, por causa da defasagem da tabela SUS”, disse Benjamin Bueno, 1° secretário da mesa provedora da Santa Casa de São José.
Segundo ele, a dívida do hospital chega a R$ 30 milhões, principalmente com bancos.

Tabela SUS

Para resolver em definitivo o problema, ele reivindica o pagamento de ao menos duas vezes o valor da tabela SUS para procedimentos de média complexidade, uma das atividades da Santa Casa, que também é cadastrada para realizar transplantes de córnea e fígado e atender queimados.

“As perspectivas para o futuro do hospital são boas, mas seguimos lutando pelo reajuste da tabela SUS e dos procedimentos”, afirmou Ivã Molina, provedor da Santa Casa.

Bueno rebateu as críticas de que a Santa Casa não atende o público de São José. “A maioria dos pacientes da ala de queimados, por exemplo, é da cidade.”

Ele explicou ainda que o atendimento livre e espontâneo, chamado de “porta aberta”, não vai mais ser adotado na instituição, que só atende paciente encaminhado pelo Estado. “É um tiro no pé. Não dá para fechar os custos mantendo a porta aberta”, disse ele.

Fonte: jornal O Vale

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